Fonte do texto origial: http://www.uniblog.com.br/oranzinza/221112/o-charlatanismo-do-pro-vida.html

O charlatanismo que utiliza a pseudociência vem ganhando cada vez mais crentes adeptos no mundo. Isso ocorre, ao meu ver, devido à falta de informação verdadeira sobre. Como primeira postagem do meu blog vou relatar o que pode ser encontrado na wikipedia sobre a verdade do Pró-Vida. A primeira vez que procurei saber fiquei espantado.

O QUE É?

A Pró-Vida, Integração Cósmica (ou PRÓ=VIDA) é uma instituição idealizada e fundada em 1979 pelo médico e dito filósofo Dr. Celso Charuri (1940-1981) com sede central em São Paulo capital, e que oferece cursos de um conceito declarado "treinamento e desenvolvimento mental", filosofia não-tradicional e meditação, com sincréticos de diversas religiões, com o intuito de, segundo a própria instituição, "acelerar o ritmo evolutivo natural do ser humano em direção a integração com a Consciência Cósmica.".

Críticos e céticos consideram os cursos e a própria instituição mística, pseudo-científica e esotérica e muito de seus conceitos pouco claros.

A instituição é atualmente administrada por uma diretoria constituída por membros mais antigos e pela família do fundador.

Os temas abordados nos cursos ministrados pela instituição são alvos de críticas por parte de cientistas e céticos, por serem apresentados como verdadeiros ou "científicos" diversos conceitos místicos comuns a grupos esotéricos e da chamada Nova Era, sem o amparo de estudos sérios (e em muitos casos de estudo algum).

A instituição, por também abordar assuntos religiosos, sofre abertamente algumas críticas de igrejas protestantes[1] e de outras seitas e religiões.

O idealizador afirma, de forma retórica, que o homem pretende alcançar uma "imortalidade" através de meios equivocados, e a Pró-Vida proveria meios - através de suas idéias e cursos ministrados - de fazê-lo buscar essa imortalidade da forma correta.

"O homem pretende ser imortal e para isso defende princípios efêmeros[2]. Um dia, inexoravelmente[3], descobrirá que para ser imortal deverá defender Princípios Absolutos[4]. Nesse dia, morrerá para a carne[5], efêmera[2], e viverá para o Espírito, Eterno[6]. Será Imortal."  
Dr. Celso Charuri

Fonte da citação: site oficial:
http://www.provida.org.br/ (19/jul/2006)

A Pró-Vida tem crescido significativamente ao longo dos anos, tendo fundado sedes por todo o Brasil e tendo implantado pontos de presença na Argentina, Chile, Bolívia, Itália, Espanha e Portugal.

A instituição possui um clube de campo para seus alunos em Araçoiaba da Serra, interior de São Paulo. Possui outro também no estado do Paraná e na Argentina.

Muitos alunos da Pró-Vida podem ser identificados pelo adesivo triangular no vidro traseiro de seus carros, onde se lê "Pró-Vida - Integração Cósmica - Se você já estiver preparado, uma Força Maior o levará à Pró=Vida"[7].

A instituição tem um posicionamento assumidamente conservador, se colocando contra o aborto, a liberdade sexual e a homossexualidade e defendendo os ideais de família, fé e propriedade privada. O divórcio também é fortemente condenado.

Alguns membros compactuam com tais idéias, porém rejeitam o título de "conservadorismo".

Cursos ministrados

São ministrados ao aluno nove cursos, sendo os três primeiros (Básico, Avançado 1 e Introdução) com duração de uma semana cada um.

Segundo a instituição, nesses cursos são discutidos e analisados "temas dentro das esferas mental, física e espiritual".

Os cursos são ministrados por monitores previamente treinados pela instituição, formados entre os alunos, muitos dos quais foram alunos de Charuri enquanto este ainda vivia e ministrava os cursos.

O aluno deve repeti-los gratuitamente para ser considerado apto a se inscrever para o curso seguinte. No entanto, a conclusão do curso anterior não significa que o aluno seja automaticamente aceito no próximo curso. Além de pagar pelo mesmo, o aluno deve ser aprovado em um procedimento denominado "preceptoria", que obedece a critérios não revelados, para a sua aprovação.

Por não esclarecer "o que", e "como" está sendo avaliado, a preceptoria acaba sendo um processo misterioso que se baseia em critérios subjetivos dos avaliadores. Algumas pessoas chegam a ficar 10 anos no mesmo curso, como foi o caso de Júlia P. Oswald, conforme relatado em entrevista jornalística[8]. Segundo Júlia, era dito a cada reprovação que "faltou só um pouquinho".

Essa preceptoria, assim como a entrevista de admissão da instituição, também servem como um "filtro", que aparentemente barra pessoas que se mostram questionadoras, incrédulas, ou que apresentem qualquer tipo de comportamento reprovado pela instituição.

Segundo membros da instituição, os cursos fornecem um "treinamento mental" que "abre os olhos" (ou "quebra barreiras psicológicas") do homem, ampliando portanto uma referida "Consciência Cósmica". Com essa ampliação: "(...) o homem conhecerá a Verdade. Esta o levará à Justiça, que lhe dará Liberdade e, finalmente, o homem encontrará a almejada Paz."[7]

O conteúdo dos cursos não é divulgado externamente e portanto o que se segue são informações de participantes e ex-participantes. O conteúdo dos cursos da Pró-Vida, assim como a sua doutrina, é um misto de conceitos pseudo-científicos, técnicas de relaxamento, material de auto-ajuda, dogmas, esoterismo e rudimentos de filosofia.

Juntam-se ao material didático muitas histórias sobre o fundador da instituição (a grande maioria relatando supostos feitos paranormais), demonstrações de supostas curas de males, algumas anedotas, e um resumo da história da instituição.

Segundo membros da instituição, as pessoas que lá trabalham não são remuneradas. São os alunos que dão plantões não remunerados para atender a demanda de todo tipo de profissionais, de recepcionistas a fotógrafos.

Durante o Básico, alunos de cursos mais avançados sentam-se ao lado do palco onde fica o monitor durante as aulas, e observam o grupo de novos alunos durante toda a semana de duração do curso, o que é considerado intimidador por alguns, que se sentem "vigiados".

É solicitado aos alunos iniciantes que não façam anotações durante o curso, sob a justificativa de que o aluno deve "sentir" o conhecimento e que realizar anotações prejudica a dinâmica do curso.

O curso Básico aborda temas como ondas cerebrais, supostos poderes das Pirâmides e da mente (manifestados em "fenômenos" como clarividência, telepatia e levitação), suposta cura de dores e doenças através de um procedimento chamado 'impostação de mãos' e algum material de auto-ajuda.

Cientistas e céticos questionam tais experimentos, que ainda não forma comprovados pelos métodos científicos tradicionais. Não são citados estudos ou apresentadas provas dos fenômenos ditos paranormais.

O curso seguinte chamado "Avançado" deixa um pouco de lado os temas místicos e se concentra fortemente no material de auto-ajuda. São oferecidos aos alunos conselhos e ensinamentos para se defender do "mundo exterior", que é caracterizado como agressivo e hostil para os freqüentadores da Pró-Vida.

Esse mundo exterior é chamado "Macrosfera" e dele fariam parte tudo que não pertence ao círculo familiar e da própria Pró-Vida.

Em uma das aulas, é feita uma encenação que só é sabida previamente pelo monitor e pelos alunos mais antigos, sendo inclusive necessária a participação destes para que tal encenação se desenrole de maneira convincente. Daí, segue-se o seguinte:

O monitor entra na sala e finge tropeçar, derrubando diversos objetos que se encontram em cima da mesa. Os alunos mais antigos são previamente instruídos a dar risadinhas, provocando uma demonstração de ira e fúria do monitor, que passa a gritar e ofender os alunos. A reação dos alunos mais novos, a quem se dirige a simulação e nada sabem, é de espanto; ao final da encenação o monitor vira sorrindo e diz: "Esta é a macrosfera".

Os ensinamentos se apresentam na forma de regras bem específicas e estabelecidas, como por exemplo na aula onde se ensina a lidar com pessoas da "Macrosfera" que tentam lesar os outros. É sugerido que durante 3 vezes em que se foi agredido, ofereça-se a outra face. Na quarta vez, deve-se virar as costas ao agressor para sempre. Essa regra não se aplica somente aos pais, de quem se deve perdoar a mais grave das ofensas, incluindo agressões físicas e até mesmo sexuais. O instrutor alega que deve-se virar as costas com a intenção de ajudar o agressor.

A idéia tradicionalmente conservadora de que devemos aceitar qualquer agressão vinda dos pais, por pior que seja, é resumida em mais um dogma da instituição que prega "Pai e Mãe, respeito para toda a vida".

No curso "Introdução" há uma encenação onde o monitor entra, escreve uma porção de palavras de efeito na lousa (como familia, vida, morte, dinheiro), leva a mão à cabeça, se demonstra atormentado, vira os quadros de Jesus Cristo e Celso Charuri (que se encontram em todas as salas da instituição lado a lado) até que se vira e coloca as mãos sobre os dois, de costas para os alunos e de cabeça baixa. Fica em silêncio por alguns instantes. De repente, começa a apagar vigorosamente algumas das palavras, em uma cena que se pretende catártica. Terminada a encenação, o monitor vai embora sem dizer uma palavra, encerrando a aula do dia.

Segundo críticos, são observadas técnicas de manipulação de audiência (como leitura fria) em todas as aulas dos 3 primeiros cursos.

É reforçado também o tema do "merecimento", que é um dos dogmas mais estabelecidos da instituição. Segundo esse dogma, "Tudo é merecimento".

Se não se conquista dinheiro ou sucesso, é uma questão exclusiva de falta de merecimento. Segundo o mesmo ensinamento, a obtenção de sucesso e dinheiro também é consequência exclusiva do merecimento.

Esse merecimento (ou a falta dele) é julgado por uma suposta "Consciência Cósmica".

Segundo críticos, essa abordagem além de simplista é superficial, e procura despertar culpa em quem não goza de "sucesso" segundo o parâmetro estabelecido pela instituição.

Objetivo e posição dos membros


Geralmente os membros da instituição dizem frequentá-la em busca de um "Mundo Bem Melhor" e em busca de "felicidade". O "Mundo Bem Melhor" é um conceito bastante repetido nos cursos e é grafado exatamente dessa forma personificada (com iniciais maiúsculas), como se fosse um nome próprio ou algum ser com autonomia. Essa personificação de conceitos abstratos e gerais é uma característica bastante marcante na filosofia da instituição, assim como também ocorre em diversas outras religiões e seitas esotéricas.

Segundo eles, a instituição forneceria meios, técnicas ou "ferramentas" para se alcançar uma "paz interior" - alguma tranquilidade sobre os problemas de estresse e ansiedade que o homem moderno enfrenta no cotidiano - e forneceria também conceitos sobre moral e filosofia de vida.

Assim como em certas religiões, alguns membros da Pró-Vida alegam que o dinheiro pago pelos cursos é revertido em forma de benefícios internos e pessoais, possuindo portanto uma boa relação custo-benefício.

Outros dizem que a instituição apenas prega um ideal que pode se adaptar ou não à realidade de cada um. E essa idéia/filosofia é soberana (ou independente) perante à instituição em si.

Desde o primeiro curso é dito que os alunos são privilegiados, por uma "Força Maior" tê-los levado à instituição. É sugerido aos alunos que se classifiquem dentro de uma escala composta dos seguintes degraus evolutivos: mineral, vegetal, animal, homem, e "Homem Superior". É dito que quem prosseguir nos cursos até o final chegará ao estágio final dessa escala evolutiva, mas todos ali presentes, por terem ingressado na Pró-Vida já estariam encaminhados.

Os membros tratam com desdém pessoas que se mostram incrédulas frente a alegações que desafiam o conhecimento científico humano. Céticos são taxados de "béticos", em referência às ondas cerebrais predominantes quando estamos acordados (ondas beta). É inclusive ressaltado nos cursos a semelhança entre as palavras "cético" e "bético", sendo a última palavra utilizada pejorativamente dentro da instituição.

A utilização de um grande adesivo triangular no vidro traseiro dos carros dos membros é incentivada. Internamente é normal comentários como: "Se um acidente acontecer na estrada por exemplo e você ver um adesivo no vidro do carro, pode parar e prestar ajuda que não será assaltado", comenta um participante.

Fundador e idealizador Celso Charuri

O fundador da Pró-Vida, Celso Charuri, é reverenciado pelos frequentadores da instituição com adoração, sendo categorizado como desde "uma mente brilhante tal como Jesus Cristo, Robespierre, Joana D'Arc" até um messias moderno que curava doentes com um suposto poder da mente, lia pensamentos, dava comandos mentais a outras pessoas e previa o futuro, sendo inclusive parte da crença dos membros da instituição a idéia de que Charuri teria previsto o dia da própria morte.

Charuri é chamado de Filosófo e Psicanalista durante os cursos (é considerado como tal pelos membros da instituição), porém nunca publicou textos de filosofia, e seu livro se encontra na seção de auto-ajuda em livrarias. É fato que Charuri foi médico (em seu nome consta registro no Conselho Regional de Medicina, inativo desde a data de sua morte), no entanto, não se formou nem em filosofia nem em psicanálise.

O título de psicanalista é impreciso e sem embasamento; seu aberto posicionamento mistíco em textos sobre temas como "Consciencia Cósmica", pirâmides e supostos poderes da mente, além da defesa de posições conservadoras sobre temas como aborto, sexo na adolescência e homossexualidade, contrariam o ponto primordial na formação de um psicanalista: a escuta isenta, sem julgamento ou preconceito em relação a comportamentos que divergem de uma suposta "normalidade".

Segundo Contardo Caligaris, colunista da Folha de São Paulo, psicanalista Lacaniano e ex-aluno do próprio Jacques Lacan na École Freudienne de Paris, " Um psicoterapeuta (e ainda mais um psicanalista) que define uma conduta como desvio, não fala em nome da psicoterapia, e ainda menos em nome da psicanálise. Ele fala quer seja em nome do seu anseio de normalidade social, quer seja em nome de seu esforço para reprimir nele mesmo o desejo que parece condenar. Segundo, e mais geral, quem estigmatiza categorias universais, como 'os homossexuais', 'os sadomasoquistas', etc., é um atacadista, enquanto os psicanalistas trabalham no varejo: a fantasia e o desejo só encontram seu sentido nas vidas singulares." (Cartas a um jovem Terapeuta - Contardo Calligaris, editora Alegro, 4a edição.) O posicionamento conservador da Pró-Vida, e a criação de uma instituição desse tipo, vão no sentido oposto de toda a teoria e prática psicanalítica nos seus mais de cem anos de existência.

São atribuídos a Celso Charuri pela Pró-Vida os seguintes episódios, entre outros:

* Ter dado a uma recém-nascida sem chances de sobreviver o "Sopro da Vida", onde após tal sopro, o bebê que até então era incapaz de respirar sem ajuda de aparelhos, começou a respirar instantaneamente e sobrevive até hoje.

* Ter dado um comando mental a diversos metros de distância, a um operador de um carrossel para que parasse o brinquedo, pois o operador estava dormindo, o brinquedo não parava, e sua filha estava dentro.

* Ter curado diversas pessoas com o poder da mente e auxílio de pirâmides.

* Ter o conhecimento do dia de sua morte; uns dias antes, teria se despedido de todos, dado instruções aos membros da Pró-Vida, e no dia marcado para o seu falecimento, se dirigiu a um hospital e avisou aos médicos que dali a pouco teria um ataque cardíaco, o que, ainda segundo a história, aconteceu.

* Todas essas histórias (dentre outras), são contadas (repetidas vezes) pelos monitores durante o curso básico, sendo verificáveis por qualquer um que se dispuser a frequentar o curso e for previamente aprovado na entrevista.

Pseudo-ciência e Misticismo

Diversas vezes durante as aulas os monitores da Pró-Vida se colocam como se falassem em nome da comunidade científica ao defenderem conceitos e suposições reconhecidamente pseudo-científicas, além de apresentar especulações místicas sobre supostos fenômenos paranormais como fatos comprovados.

A postura desencorajadora no que tange a questionamentos e provas (o que contraria o método científico que é composto fundamentalmente pela prática de questionamentos e necessidade de provas), e o fato de todas as teorias da instituição serem baseadas em temas como a existência de vida após a morte e a existência de um Deus nos moldes das religiões ocidentais monoteístas (conceitos apresentados como verdades absolutas e irrefutáveis desde o primeiro dia de curso), fazem com que os ensinamentos da Pró-Vida não encontrem respaldo algum no meio científico.

A instituição é considerada mística por supostamente desenvolver estudos e defender conceitos de parapsicologia, ciências alternativas (ou pseudociências), energias cósmicas, de pirâmides e outros assuntos esotéricos.

Polêmicas envolvidas

Apesar da Pró-Vida se auto-intitular uma escola filosófica, ela tem todas as características de uma religião qualquer: conceitos místicos são pregados como se fossem reais e a fé é estimulada aos membros por parte dos monitores.

Além disso, a instituição compartilha muitas características com religiões e seitas que dão abertura ao fanatismo, mas a instituição e seus membros alegam ser "opostos" a tal atitude. Esse fanatismo implícito faz com que, por exemplo, alguns membros prefiram se relacionar somente com outros membros, ou fazem com que queiram que seu parceiro sexual faça parte do Pró-Vida e/ou conheça/aceite seus princípios e doutrinas. Apesar dsso não ser uma postura oficial da instituição e disso também não ser incentivado nos cursos.

Os métodos para ensinar algumas "verdades" são tidos como pseudo-científicos e os ideais não são flexíveis: a instituição não encoraja seus membros a questionarem, duvidarem ou contra-argumentarem as coisas que aprendem. Os cursos ocorrem numa relação quase totalmente unilateral. Por causa disso, os fiéis dificilmente têm olhar crítico a respeito da instituição, até mesmo porque a filosofia pregada pressupõe que os frequentadores (principalmente os mais avançados no curso) são "mais evoluídos" que os demais, ou que os frequentadores foram de algum forma "escolhidos" e estão lá por algum motivo "superior" misterioso, como se fosse uma obra sobrenatural do destino. — Apesar das críticas externas, os membros aparentemente não se incomodam muito com isso e alegam que a "filosofia" pregada na instituição é útil e prática, resultando numa qualidade de vida superior. Alguns ex-membros que não concordam mais com as doutrinas da instituição dizem que essa "paz" ou "felicidade" é na verdade fictícia e camuflada por uma fé cega que não estimula a busca pela verdade. Qualquer questionamento sem resposta feito por "não membros" sobre as práticas da Pró-Vida tem como resposta algo como: "você não está preparado", "você não está em sintonia" ou "você está em outra frequência".

Algumas técnicas de hipnose e de exagerada repetição são frequentemente utilizadas nos cursos ministrados fazendo com que alguns não-membros acreditem ser uma espécie de "lavagem cerebral".

Caráter misterioso e a dita "ciência"

A Pró-Vida mantém uma posição misteriosa sobre o que é ensinado nos cursos e sobre sua própria filosofia. Um comunicado interno aos monitores e professores os instruem a não dar qualquer tipo de entrevista. Nenhum conteúdo programático dos cursos pode ser divulgado, a não ser que você ingresse como aluno pagando os cursos após ser aprovado por uma entrevista prévia[9].

A página na internet oficial[7] mantém o mínimo de informação pública possível e as poucas informações ainda não estão de forma clara e objetiva. Há uma página especial que é restrita somente aos membros da instituição.

No próprio site há uma seção intitulada "Ciência" descrevendo de forma muito breve um dito "Departamento Científico". O site descreve: "O Departamento Científico da PRÓ-VIDA desenvolve pesquisas em diversos campos, como Física, Medicina, Astronomia, Biologia, Bioenergética e outros. Além disso, promove palestras de temas científicos de interesse dos participantes da PRÓ-VIDA, enriquecidas por uma perspectiva filosófica."

Note, porém, que esse suposto "departamento científico" — apesar de ser integrado eventualmente por pessoas do meio científico — não é reconhecido como consenso pela comunidade científica e nem por nenhuma instituição pública de ensino, nem mesmo por qualquer órgão do governo da área da educação. Os membros alegam publicamente que esse reconhecimento seria irrelevante para o propósito do curso que seria analisar a ciência sob um ponto-de-vista místico e aberto a suposições não-comprovadas. A "perspectiva filosófica" que supostamente enriqueceria os supostos ensinamentos científicos, na verdade são conceitos místicos que dependem exclusivamente de fé, ou seja, da pessoa aceitar ou não aquilo ensinado como verdade. O "departamento científico" é, na realidade, uma departamento de pseudo-ciência.

Nenhum suposto "estudo científico" feito na instituição é publicado externamente, reforçando a imagem misteriosa da instituição.

Não são citadas as fontes e os estudos ou experimentos científicos na maioria dos fenômenos que a instituição ensina como verdade. As explicações não têm aceitação na comunidade científica, sendo alguns argumentos considerados obsoletos, falsos ou inexistentes, por terem sido identificados como inconsistentes, tendenciosos ou simplesmente fraudulentos. A Pró-Vida no entanto clama que o conteúdo dos cursos é comprovado cientificamente, através de citações fora de contexto de cientistas conhecidos, experiências pseudocientíficas, citação de supostos “fatos” já desmascarados há muito tempo tais como:

* Fotografia Kirlian - uma técnica supostamente capaz de registrar a aura das pessoas. A existência da aura, um suposto campo energético que envolve todos os objetos e seres vivos e através do qual se poderia medir o estado espiritual e até de saúde física das pessoas, é negado pela ciência. A fotografia Kirliana, desenvolvida na União Soviética aparentemente registra apenas ionização de partículas do ar ao redor dos objetos de acordo com sua carga elétrica, o que é evidenciado por não mostrar "aura" nenhuma quando no a é tirada no vácuo. A fotografia Kirliana foi tão desacreditada que mesmo na maioria dos círculos esotéricos e místicos está descartada.

* Teorias sobre as construções do Egito, especialmente as pirâmides: teses estranhas e fantásticas sobre as antigas construções do Egito sempre existirão, mas as dentre elas aceitas e divulgadas pela Pró-Vida estão desacreditadas para todos exceto o mais reticente "piramidólatra" (ou "piramidiota", como satirizam alguns). No curso básico os monitores se recusam a esclarecer quem eles acham que construiu as pirâmides nem como, mas fica patente que eram os "poderes místicos" telecinéticos cultivados pelos antigos egípcios, como fica claro ao mostrarem a foto de uma estátua egípcia em que o faraó aparece na mesma posição ensinada como a de relaxamento nos cursos (sentado, com as palmas sobre os joelhos). O "poder das Pirâmides", uma das teorias mais características da Pró-Vida, clamando que um sólido na forma da pirâmide de Queops (em qualquer escala, com qualquer material, com um dos lados alinhado com o norte verdadeiro (e não o norte magnético)) canaliza "energias cósmicas" capazes de curar doenças, preservar alimentos, e facilitar meditação e fenômenos parapsicológicos como clarividência. É afirmado também que não se deve pegar uma pirâmide pelo topo, o que "descarregaria" sua energia. Alguns monitores chegam a afirmar que não compram lâminas de barbear por meses pois guardam os aparelhos de barbear dentro de pirâmides que, segundo eles, "realocam os átomos das lâminas metálicas".

* A explicação mais aceita (baseada na Razão de Occam , considerada parte essencial do método científico) para o fenômeno da preservação da matéria orgânica dentro das pirâmides do Egito, é uma condição encontrada em construções egípcias chamada micro-clima, onde o as condições físicas e químicas do ambiente favoreciam a conservação de material orgânico, e nada tinha a ver com o formato das pirâmides. Já foram encontrarados frutas e animais igualmente conservados em outras construções com as mais diversas formas no Egito, e que em nada lembravam uma pirâmide, porem possuíam essa condição do micro-clima em seu interior e portanto, também conservavam material orgânico. Além do mais, o clima seco do Egito propicia a conservação. É de se notar que membros da Pró-Vida afirmam poder facilmente reproduzir tal fenômeno com uma pirâmide qualquer, independente do tamanho e do material da qual é feita. Os alunos são incentivados a comerem ovos desidratados que foram consevados abertos e não estragaram pois estavam dentro das pirâmides.

* É afirmado, como uma confirmação "científica" do poder das pirâmides, que o cérebro possui células piramidais cujas proporções seriam iguais às da pirâmide de Queops. Existem de fato os neurônios piramidais, perfazendo cerca de 80% do córtex cerebral, mas tais neurônios não tem uma forma em nada similar à de uma pirâmide egípcia, variando grandemente em forma e proporções. A designação "piramidal" vem do fato de que esses neurônios possuem um gânglio superior e uma base ramificada em vários gânglios. Outra "confirmação" científica seria a presença de "cristais piramidais" em lâminas de metal que "se desalinham conforme a lâmina perde o fio", razão pela qual a Pró-Vida justifica sua afirmação de que ao ser colocada uma lâmina sem fio sob uma pirâmide, a mesma voltaria a cortar como nova, já que os tais "cristais pirâmidais" voltariam a ser alinhados pela energia da pirâmide.

Todo tipo de questionamento é desencorajado, inclusive sendo motivo de chacotas àquele que faz muitas perguntas sobre provas e métodos, sendo nesse caso sugerido ao autor das indagações que "faça menos perguntas e procure 'sentir' o conhecimento". Quando indagados sobre o embasamento científico das alegações feitas no curso, os monitores oferecem ensaiadamente frases como "A Pró-Vida só apresenta o conhecimento, não foi ela que o criou" e "A Pró-Vida te dá todo o conhecimento, cada um faz o que quer com ele".

São citados cientistas e pensadores como Sigmund Freud, Platão, Einstein e até o revolucionário francês Robespierre, porém essas citações são distorcidas para se adequar ao discurso da instituição, ou simplesmente retiradas do seu contexto original fazendo com que percam o sentido pretendido por seus autores.

Jesus Cristo é altamente reverenciado, e nas salas de palestras seu retrato fica na mesma altura do Dr. Celso Charuri, o que inclusive poderia ofender alguns cristãos. Isso parece confirmar rumores de que a Pró-Vida considera Celso Charuri como um Jesus Cristo moderno ou até uma reencarnação sua.

Todo o material disponibilizado pela instituição é permeado por termos de auto-ajuda superficiais e frases de efeito com excesso de palavras em maiúsculas.

Frases pouco claras como "Temos por PRINCÍPIO evoluir o homem, porque não acreditamos que o homem seja produto do meio, mas sim que o meio é produto do Homem. Acreditamos que o homem que é produto do meio é homem com "h" minúsculo, e um meio digno se faz com homens com "H" maiúsculo. Nós acreditamos que devemos evoluir o homem, porque a EVOLUÇÃO é a meta do universo; é medida Universal.". e "Analisados os conceitos de Vida desde o início das civilizações, verifica-se uma natural tendência do homem em procurar no TER a razão de SER. Constitui este fato uma utilização da mente parcial, incompleta, uma vez que com o objetivo de TER, esquece o homem que de seu principal objetivo, que é o de SER." são encontrados fartamente em circulares ou na própria página na internet da instituição.

Apesar da visível superficialidade, tais textos são tratados como postulados da mais alta filosofia pelos frequentadores da Pró-Vida, que consideram Celso Charuri um filósofo, apesar deste nunca ter publicado nenhum material de mínima relevância para a filosofia científica, sendo seus textos muito semelhantes (em alguns casos muito inferiores)aos dos diversos autores de auto-ajuda que se encontram no mercado e também de outras seitas esotéricas.

Dinheiro

Alguns críticos questionam as finanças da instituição, que começou com sua sede principal em um sobrado modesto no bairro luxuoso de Moema e hoje em dia ocupa uma instalação de alto custo do tamanho de um quarteirão, no Alto de Pinheiros na capital paulista, com luxuosa decoração interna e um monitor de plasma na parede, além de computadores e um piano importado.

O custo da manutenção de uma estrutura tão grande, e o contraste dessa enorme construção se comparado à humilde origem da instituição, geram especulações sobre o propósito da dita escola filosófica: se promover "a evolução do homem e Um Mundo Bem Melhor", ou o simples lucro financeiro.

Também chama a atenção o enriquecimento da viuvá de Charuri que mora na cobertura de um dos prédios mais caros do Brasil, graças ao lucro exorbitante gerado pela instituição.

Ética

A instituição procura cultivar a imagem de beneficente (principalmente propagandeando os feitos da CDG), mas omite que é uma simples atividade comercial em busca de lucro financeiro. Muitos alunos ignoram o fato de a Pró-Vida ser uma empresa e gerar dividendos a viúva de Charuri.

Na instituição são cultivados e estimulados comportamentos eticamente questionáveis, em nome do sucesso. É ensinado que "puxar o saco" do chefe, ou ser uma pessoa dissimulada (coloquialmente chamado de ser uma pessoa "falsa") são atributos positivos e desejáveis, pois representam vantagens no mundo competitivo da vida corporativa. Essa ênfase no sucesso a qualquer preço é criticada por pessoas que convivem com membros da instituição, ou mesmo ex-alunos que deixaram de acreditar na doutrina lá pregada.

Os membros da PV são estimulados a votar em candidatos a deputado que façam parte da instituição, e é comum uma rede de favorecimento entre os Pró-Vidianos.

Entrevista para ingressar na Pró-Vida


Para poder ingressar nos cursos é necessário antes fazer uma entrevista para averiguar se a pessoa estaria "preparada"[8] para a Pró-Vida e aí então, se "aprovada", poderia fazer os cursos (mediante pagamento). Caso não seja "aprovada", o entrevistador alega ao candidato que ele não está ainda "preparado" sem revelar formalmente (por escrito, por exemplo) ou de forma clara e objetiva o motivo da reprovação. Dessa forma, caso não seja considerado "preparado", o candidato não tem outra alternativa senão desistir e tentar novamente depois de um certo tempo.

Ex-membros que contestam publicamente os chamados "Princípios Absolutos" são expulsos da instituição e são proibidos de frequentá-la novamente marcados numa espécie de "lista negra" e já são barrados nessa entrevista prévia. Drogados, ex-drogados, alcoólatras, garotos de programa, prostitutas assumidas e outras pessoas socialmente excluídas geralmente não são aceitas na instituição. Em alguns casos em que a pessoa teve um passado não "justo" do ponto-de-vista das filosofias da Pró-Vida, se a pessoa se comprometer a "não cometer o mesmo erro" novamente, poderá ser considerada "preparada", de acordo com o julgamento do entrevistador, que é um membro já antigo e provavelmente possui instruções (não reveladas) sobre que tipo de pessoa poderia frequentar os cursos. Alguns ex-membros alegam que essa "peneira" já descarta pessoas que são muito críticas ou questionadoras, ou ainda pessoas com conhecimento sobre hipnose, e aprova pessoas que demonstram muito interesse em misticismo e ocultismo.

Sexualidade

Como grupo fechado que convive em um ambiente fortemente isolado do mundo exterior como o clube de campo da Pró-Vida (parentes, namorados e amigos são proibidos de entrar no clube a não ser que façam parte da instituição há um determinado tempo e tenha concluído um certo número de cursos, salvo em alguns eventos específicos), há uma série de regras de conduta no que tange a assuntos relacionados a sexualidade e sensualidade de uma maneira geral.

Esses conceitos não são defendidos e pregados pela instituição em si na forma de normas escritas, porém são valores comuns entre os membros da Pró-Vida, e disseminados exaustivamente pelos alunos mais antigos. Alunos mais velhos se encarregam de vigiar, em verdadeiras rondas, os "jovens" (muitas vezes adultos de 20, 21 anos) nas dependencias do clube de campo, para que não fiquem sozinhos com pessoas do sexo oposto em situações que poderiam participar de atividades sexuais (por exemplo nos chalés do clube, chamados de "módulos") e mesmo manifestações de afeto como beijos e abraços são coibidas, se tais atos forem praticados por pessoas não casadas entre si.

Coerentemente com a tradição dos costumes conservadores que são defendidos pela instituição, há uma diferença muito definida entre os papéis sexuais de homens e mulheres nos valores compartilhados pelos membros da Pro-Vida.

Enquanto é incentivado entre os homens que se tenha o maior número de relações sexuais possíveis antes do casamento (sob a justificativa de que têm a obrigação de serem experientes, e para não cairem na tentação do adultério depois), às mulheres é dito que devem permanecer virgens até o dia do casamento se guardando para os maridos, a virgindade sendo como um presente, ou sob a justificativa de que não transar demonstra respeito ao próprio corpo.

O assunto de uma maneira geral é abordado sempre sob uma ótica tradicionalista e conservadora, e é utilizado como principal instrumento de controle dos ímpetos dos jovens, o despertar da culpa . O discurso conservador dos membros mais velhos as vezes é opressor ao ponto de garotas que usam roupas curtas sentirem-se pressionadas a usar roupas mais tradicionais, para não serem "mal-vistas" ou mal faladas.

Nos pronunciamentos do próprio Celso Charuri sobre o tema, gravados em video, é sempre enfatizado o lado perigoso e as possíveis conseqüências nefastas de ter uma vida sexual ativa, em vez de o assunto ser abordado de uma maneira que estimule o exercício de uma sexualidade saudavel e com responsabilidade.

São citados exemplos de jovens pré-adolescentes que vinham ao seu consultório com toda sorte de problemas, de doenças sexualmente transmissíveis a gravidezes indesejadas, sempre em tom aterrador.

O efeito desses dogmas pode ser constatado em conversas com algumas meninas da Pró-Vida, que declaram participar de diversas atividades sexuais exceto o sexo vaginal, e assim se mantêm virgens para o casamento, conforme costume do grupo.

A ênfase do ensinamento acaba sendo sobre o valor de um tabu secular sem muito sentido nos dias de hoje, em detrimento de informações importantes sobre prevenção e sexo seguro que seriam muito úteis a uma geração de jovens no inicio de sua vida sexual.


Homossexualidade


A homossexualidade é abordada nos cursos da Pró-vida de maneira a caracterizar tal orientação sexual como um estágio evolutivo inferior dentro da escala proposta pela instituição. O termo utilizado oficialmente é que "o homossexual é alguém que precisa aceitar o seu verdadeiro eu", sendo tal conduta (aceitar o seu verdadeiro eu interior) um degrau essencial na busca por uma evolução.

Por ser um ambiente extremamente conservador, não se vê casais homossexuais em nenhuma dependência da instituição e o discurso anti-homossexualidade de alguns alunos é por vezes bastante agressivo, o que coíbe iniciativas de pessoas que queiram assumir sua sexualidade.

Culpa, Merecimento e Preconceito

A dualidade do tema culpa/merecimento permeia muitos dos dogmas e temas abordados em cursos da Pró-Vida.

Seguindo os moldes das religiões modernas ocidentais, o despertar da culpa serve como instrumento de controle e a busca por merecimento funciona como estímulo a uma vida virtuosa (ao contrário do que ocorre nas religiões orientais, que se estruturam em torno da honra e da vergonha.)

Então, na questão da sexualidade por exemplo, aquele que tem uma conduta considerada condenável pela instituição vive sob a ameaça do risco de doenças venéreas e gravidez prematura (que são facilmente evitáveis com o uso de preservativos), além da desaprovação do grupo.

Quanto ao aborto, a pessoa que sofreu um aborto antes de ingressar na instituição é considerada inocente por não saber das supostas implicações "cósmicas" de tal atitude. Porém aquele que após ingressar na Pró-Vida abortar, é ameaçado de sofrer duras consequências. "Estejam avisados" é o termo exato utilizado por um dos monitores da instituição.

O merecimento também é colocado de acordo com a tradição cristã: tudo aquilo que se conquista de positivo é consequencia de um merecimento julgado por uma força cósmica divina, assim como tudo que se sofre de negativo é consequencia de um não-merecimento julgado também por essa força divina, onipotente, onisciente e arbitrária.

Esse merecimento é inclusive colocado como causa única de tudo de bom e de ruim que acontece na vida das pessoas, ficando muito a frente da própria causalidade dos fatos.

Assim, segundo a instituição, se alguém ganha dinheiro e é bem sucedido, não é por causa de seu esforço e trabalho, mas sim porque "há merecimento". Seguindo a mesma lógica, se alguém passa por dificuldades financeiras e não goza de boa saúde, isso acontece porque "não há merecimento".

A dificuldade financeira ser colocada como uma mera questão de merecimento é a principal justificativa da instituição para cobrar por seus cursos, para separar "os merecedores dos não-merecedores" o que é reforçado pelo slogan encontrado nos adesivos que estampam o carro dos frequentadores, onde se lê "Se você já estiver preparado, uma força maior o levará a Pró-Vida".

Esse aspecto da instituição colaborou para o surgimento de vários movimentos e seitas que oferecem cursos como o da Pró-Vida gratuitamente.

Acusações de um estado evolutivo inferior constituem uma outra prática que visa o despertar da culpa nos freqüentadores da Pró-Vida, assim como dizer que tal pessoa é "bética" ou "macrosferenta" (que fazem parte dos neologismos cunhados pela instituição e muito presentes no discurso de seus frequentadores)

"Macrosferento" seria aquele que tem um comportamento agressivo, hostil (ver seção "Cursos Ministrados" para mais detalhes.)

Um "bético" seria alguém que opera na freqüência beta de ondas cerebrais, tida como das pessoas menos evoluídas.

Na verdade, beta é a freqüência das ondas cerebrais que predomina durante todas as atividades em que estamos acordados. Diferente da freqüência alfa, que é vista como um estado de transe onde supostamente se conseguiria ampliar a capacidade da mente e segundo os místicos possibilita que se pratique telepatia, levitação, clarividência, etc.

Segundo a ciência, o predominio de ondas alfa no cérebro durante atividades relaxantes nada mais é do que um estado de relaxamento em que, por haver menor atividade sináptica , registra-se ondas de frequências mais baixas.

Conceitos Distorcidos


São empregados na Pró-Vida artifícios que buscam conferir uma conotação cientifica ao conteúdo dos cursos, sendo um deles a citação de conceitos, fórmulas e teorias de pessoas com respaldo no meio acadêmico.

Porém, esses conceitos não são apresentados dentro do seu contexto original, sendo adaptados ou simplesmente distorcidos de modo a emprestar alguma credibilidade aos ensinamentos da instituição. Muitos deles, inclusive, de pensadores com idéias completamente opostas as teorias da Pró-Vida.

Um exemplo disso é a utilização da conhecida equação E=mc2 de Albert Einstein, apresentada como "prova" da aplicabilidade do dogma da instituição denominado "VERDADE SUPREMA ABSOLUTA A NIVEL DO CONHECIMENTO HUMANO". Tal dogma estabelece que "o poder do pensamento pode se materializar se houver VONTADE REAL e ausência de conflitos" no sentido literal, ou seja, que uma suposta energia da mente poderia se transformar em matéria palpável, e que a equação de Einstein provaria isso.

Essa afirmação tida pela Pró-Vida como absoluta e inquestionável, não encontra amparo algum da comunidade científica. Segundo o professor do Instituto de Física da USP Luiz Carlos de Menezes "É uma interpretação rastaquera da ciência. É possível transformar matéria em energia, desde que sejam observadas determinadas leis de conservação.".

Como para se obter o mesmo fenomeno alegadamente alcançado pela Pró-Vida com o "poder da mente" é necessário um acelerador de partículas de alta tecnologia com quilômetros de extensão, a credibilidade de tal alegação é bastante contestada.

Outro pensador que tem seus conceitos distorcidos é Sigmund Freud, o pai da Psicanálise, que assim como seu seguidor mais famoso Jacques Lacan, nega a existência de um Deus ou de qualquer possibilidade de existência de algo sobrenatural ou místico, que são a base primordial das teorias da Pró-Vida.

É documentado em livros como "O Futuro de uma Ilusão" e "O triunfo da religião", de Freud e Lacan respectivamente, o posicionamento de ambos com relação a organizações como a Pró-Vida, que segundo Freud são alienantes e afastam as pessoas de uma lucidez saudável, o que impossibilita o processo psicanalítico.

Ilusionismo e fé

São apresentadas na Pró-Vida diversas experiências supostamente científicas de poderes paranormais. Essas experiências não obedecem a nenhuma das condições estabelecidas pelo método científico para que um experimento seja reconhecido como válido e isento da possibilidade de fraudes. Elas também dependem de uma predisposição dos participantes a acreditar no que supostamente será demonstrado.

No curso Básico é feita uma demonstração do “aurímeter”, aparelho que supostamente mediria a aura das pessoas. O aparelho na verdade é um arame grosso preso por um eixo vertical a um cabo numa extremidade e com um peso de chumbo na outra, e cuja seção central se encontra contorcida como uma mola, o que causa uma flexibilidade especial nesta parte. O monitor fica de frente para a pessoa e começa a medir sua “aura” a partir dos pés e subindo pelos lados, a partir da linha da cintura a ponta pesada do aurímeter começa a pender para longe do corpo, especialmente perto da cabeça, o que é explicado como uma largura especial da aura no cérebro e na mente das pessoas.

O que ocorre na verdade é que a partir do momento em que o aurímeter fica na horizontal, sua ponta pesada começa a “cair”, sendo que a mola no meio do arame causa a ilusão de que a ponta está sendo empurrada com uma força especial, em vez de meramente registrando a ação da gravidade. Esse é um dos exemplos mais apontados em acusações de charlatanismo dentro da Pró-Vida.

Também no curso Básico são demonstrados três exemplos de supostos "exercícios" do poder da mente:

No primeiro, uma pessoa deve empurrar uma outra em direção a uma parede, sem o uso das mãos, com um comando mental. Fica clara a colaboração (consciente ou inconscientemente) do empurrado. Uma alternativa muito simples seria colocar a pessoa sobre uma base com rodinhas, e verificar se a mesma se movimenta sem inclinação. Essa prática é conhecida por hipnólogos de salão onde fazem simples testes como esse para verificar a predisposição de alguns elementos da platéia.

Mas isso nunca chega a ser questionado pelos participantes do curso.

No segundo, é feito um exercício de levitação onde se deve fazer levitar a mão de um colega, com o poder da mente. Novamente são descartadas as inúmeras possibilidades de auto-sugestão da pessoa com a mão sendo levitada, ou mesmo de uma colaboração consciente. Sugestões como a de que poderia-se colocar o aluno sobre uma balança são ridicularizadas. É dito ao aluno que em vez de pedir provas, procure "sentir o conhecimento".

Isso é apresentado e aceito como prova irrefutável de que é possível levitar.

Por último, é feito um exercício de clarividência, onde se deve descobrir usando o "poder da mente" uma série de informações sobre alguém, de quem é dito apenas o nome e o endereço por um colega. O aluno deve então viajar mentalmente e dizer o que vê sobre a pessoa em questão. Aparecem uma quantidade enorme de informações erradas e sem sentido, naturalmente. Mas essas são minimizadas ou distorcidas para se adaptar à "verdade" esperada pelo grupo (é visto alguém em um carro vermelho, por exemplo, mas a pessoa não tem o carro vermelho. O monitor então lança: Mas será que a pessoa não QUER um carro vermelho?) Todos respiram aliviados e aplaudem o clarividente.

As poucas e óbvias informações que se aproximam da verdade (e que contam com uma possibilidade matemática enorme de serem acertadas, como "eu vejo uma loira") são recebidas com entusiasmo pelos alunos, sedentos por uma "confirmação" de tudo que aprenderam no curso.

Segundo críticos, tal "clarividência" nada mais é que "leitura fria" técnica utilizada há anos por antigos "videntes charlatões" e demonstrada recentemente (2006) em reportagem feita pelo Programa Fantástico da Rede Globo de Televisão.


Jornalismo investigativo

Devido ao caráter misterioso da instituição e a necessidade de se conhecer o funcionamento interno, em novembro de 1996[8] foi feita uma matéria jornalística de caráter investigativo pela jornalista Dagmar Serpa que foi publicada na revista Marie Claire nº 68. Apesar de um certo teor emotivo na matéria, ela é considerada uma valiosa fonte de informação à sociedade, por ser de um ponto-de-vista externo e que relata os momentos vividos pela jornalista que tentou coletar o maior número de informações possíveis enquanto fingia estar interessada e frequentava os cursos. A jornalista se passou por uma publicitária e frequentou o curso durante duas semanas. Depoimentos com ex-membros também complementaram a reportagem.

Depois da publicação da matéria, a revista tentou ainda entrar em contato — sem sucesso — com a instituição. O máximo que conseguiu foi uma ligação com um dos diretores da época, José Antonio Demargos que foi enfático ao ser questionado: "Podem publicar o que quiserem, não damos entrevista".

Dogmas e livre-arbítrio

O livre-arbítrio é citado frequentemente em cursos iniciais e ensinamentos como algo valioso; Os membros classificam suas escolhas como legítimas e isentas, porém praticamente todos compartilham de idéias semelhantes, refletindo muitas vezes aquilo que é ensinado nas aulas.

Os chamados "Princípios Absolutos", são questões ou Dogmas, colocados pela instituição como valores inquestionáveis, tal como o direito a vida (incluindo a questão do aborto).

Temas que são tabus para os conservadores como aborto, sexo e homossexualidade, são tratados de maneira a não deixar espaço para debate. Nos cursos, é definido o "certo" e o "errado" como conceitos absolutos e inquestionáveis. O próprio nome "Princípios Absolutos" reforça essa idéia absolutista. O divórcio é reprovado, sob a alegação de que uma vez feita a escolha ela é obrigatoriamente para toda a vida. Esse é inclusive um argumento utilizado para estimular o casamento entre frequentadores da Pró-vida.

São comuns os casamentos falidos que se sustentam na base da aparência, para se adequar à expectativa da instituição e seus membros. Uma união conjugal fracassada, junto com a falta de sucesso profissional são as coisas mais temidas pelos membros da Pró-vida, e quando ocorrem são mascaradas a qualquer custo, já que seria considerado uma questão de "falta de merecimento" ou seja, que o indivíduo não alcançou um nível de evolução (sempre segundo os parâmetros da instituição) e por isso não é merecedor de gozar de sucesso matrimonial e profissional.

Divulgação


A Pró-Vida mantém um site na internet[7] onde podem ser encontradas algumas informações superficiais e de contato; promove divulgação boca-a-boca[8], ou seja, os alunos acabam levando parentes, amigos e conhecidos; e outra forma de divulgação é um adesivo de carro que identifica um aluno da Pró-Vida com um texto que desperta a curiosidade: "Se você já estiver preparado, uma força maior o levará ao Pró-Vida".

A entidade funciona como um grupo "iniciático", segundo o antropólogo José Guilherme Magnani[8], professor na Universidade de São Paulo. "É a mesma estrutura de sociedades como a Maçonaria e a Rosa-Cruz", diz Magnani. "Nessas organizações, há sempre um segredo mantido pela lealdade dos adeptos. É preciso passar por etapas para ter acesso a certas dimensões do grupo". Para conhecer o "segredo", é necessário prosseguir na iniciação. Esse tipo de mistério é uma forma de marketing que desperta a curiosidade das pessoas.

Ação Social

A Pró-Vida, através da Central Geral do Dízimo (CGD), contribui com doações para diversas instituições de caridade e auxílio social tendo realizado — segundo a própria instituição — mais 5 mil doações até junho de 2006, das quais quase 400 em 2005, para entidades beneficentes do Brasil, Guatemala, Chile, Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai, Portugal, Itália, Grécia, Líbano, França, Índia, Egito, Moçambique e Madagascar.

Algumas doações são para escolas profissionalizantes feitas em conjunto com o Governo Federal, governos estaduais, municipais e com instituições privadas como o SENAI. As seguintes escolas profissionalizantes foram doadas e estão atualmente em operação:

    * Escola Técnica Estadual "Dr. Celso Charuri" de Capão Bonito, SP
    * SENAI de Cuiabá, MT
    * SENAI de Rafard, SP
    * Centro de Formação Profissional "Dr. Celso Charuri" de Pará de Minas, MG, referência no site da prefeitura
    * SENAI de Sumaré, SP (Região de Campinas)

Central Geral do Dízimo

A arrecadação de fundos é feita através da Central Geral do Dízimo (CGD), uma instituição filantrópica ligada à Pró-Vida com o objetivo de atendimento a entidades beneficentes. Essa central arrecada seus recursos através de depósitos anônimos que provavelmente são feitos pelos alunos da Pró-Vida. Essa Central Geral do Dizimo se auto-define por: "É, em resumo, o ato manifestado, ou seja, a ação que é própria do Homem integrado cosmicamente. Em outras palavras, é o privilégio de Ser nas mãos de quem Dá".[7], sendo esta uma definição que para alguns é pouco objetiva e que, segundo os membros, tentaria explicar o benefício pessoal obtido por quem faz as doações.

O "dízimo"[10] é o incentivo à doação anônima não-obrigatória de 10% dos rendimentos dos membros à instituição. Os recursos arrecadados pela Central Geral do Dízimo são - segundo a própria instituição - integralmente doados à instituições beneficentes.

Toda a infra-estrutura utilizada pela Central Geral do Dízimo é mantida com recursos da Pró-Vida. A instituição alega que todo o trabalho realizado é feito de forma voluntária e não-remunerada. A Central Geral do Dízimo é totalmente isenta de impostos por ser considerada uma instituição beneficente com reconhecimento nas instâncias municipal, estadual, e federal.

A contabilidade da Central Geral do Dízimo é anualmente auditada pela Deloitte Touche Tohmatsu e o parecer da auditoria é publicado em mural da associação e no seu site interno para consulta dos alunos, professores e membros. Alguns diretores e funcionários da empresa de auditoria Deloitte Touche Tohmatsu são membros da Pró-Vida.

Segundo regras da própria instituição, "as entidades atendidas pela Central Geral do Dízimo são previamente analisadas e devem ser notoriamente idôneas e regulamentadas junto aos órgãos competentes".

Manutenção das sedes

A arrecadação de fundos para manutenção das sedes, em especial a sede principal localizada no bairro de Pinheiros, um bairro de alto-padrão aquisitivo na capital paulista, é feita exclusivamente através dos cursos ministrados. É informado aos alunos que os trabalhos realizados nas sedes da instituição, desde a secretaria até os instrutores dos cursos e a diretoria são feitos de forma voluntária sem qualquer tipo de remuneração financeira.

Parte da renda dos cursos se destina a viúva do fundador que recebe um Pro Labore da instituição; essa informação não é divulgada aos alunos mais novos, porém é confirmada por membros mais antigos da PV.

Clube de campo


O clube de campo é uma empresa financeiramente independente e declarada sem fins lucrativos. Todos os recursos arrecadados através das taxas de manutenção são, por lei, aplicados para conservação e aprimoramento das instalações do clube de campo.

Alguns alunos adquirem títulos que dão direito ao uso de um chalé chamado de "módulo", reembolsável em caso de desistência de participação no clube. No passado, houve casos em que ex-membros se empenharam em batalhas judiciais para reaver seus recursos.[8] — Aparentemente a aquisição de um "módulo" é, na verdade, a aquisição de uma autorização de "direito de uso" e está vinculada a permanência do aluno à instituição. — Ao obter o "módulo", o membro é encorajado a assinar um contrato chamado de "documento comum de doação". Muitas vezes, o membro assina sem mesmo saber do que se trata. Alguns advogados envolvidos nesses casos dos "módulos" afirmam que esse tipo de contrato é ilegal.

Dissidências

Através dos anos, membros da Pró-Vida se desentenderam com a instituição e criaram uma série de movimentos de dissidência, oferencendo cursos similares aos da Pró-Vida, algumas vezes de graça. As principais dissidências são:

    * Essânia em São Bernardo do Campo
    * Núcleo em São Paulo
    * Eli-Ipsa em São Paulo
    * Fraternidade Saint-Germain em São Paulo
    * Academia Filosófica Cristã em Ribeirão Preto


Referências

   1. ? Exemplo de uma crítica aberta sob o ponto de vista cristão-evangélico à Pró-Vida pelo Centro Apologético Cristão de Pesquisas (CACP)
   2. ? 2,0 2,1 efêmero = passageiro, que dura pouco
   3. ? inexoravelmente = de forma cruel ou implacável
   4. ? "Princípios Absolutos", no contexto da Pró-Vida, significa seus dogmas e doutrinas. O termo é possivelmente originado de "dignitates dei" de Ramon Llull; termo ligado à Deus, ao "Deus único"; significando algo como "Princípios Absolutos [Da Obra De Deus]", com origem na filosofia agostiniana, também presente no cristianismo, judaísmo e islamismo. fonte: Diálogo inter-religioso ‘real ou aparente’ durante a Idade Média hispânica: Ramon Llull (1232-1316)
   5. ? Provavelmente uma referência bíblica (evidentemtente não-declarada) em diversas partes do Novo Testamento sobre "morrer na carne e nascer no espírito", entre elas: João 3:6 "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito."; João 6:63 "O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida."; Romanos 8:6 "Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz."; Romanos 8:8 "e os que estão na carne não podem agradar a Deus."; Romanos 8:13 "porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis."; 1 Pedro 3:18 "Porque também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito;"; 1 Pedro 4:1 "Ora pois, já que Cristo padeceu na carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento; porque aquele que padeceu na carne já cessou do pecado;" - Versão bíblica: Almeida Atualizada, Almeida Revista e Atualizada.
   6. ? "Espírito, Eterno"possivelmente é uma referência ao Espírito Santo ou Deus
   7. ? 7,0 7,1 7,2 7,3 7,4 Fonte: site oficial: http://www.provida.org.br/ (veja também uma imagem igual ao adesivo em: [1])
   8. ? 8,0 8,1 8,2 8,3 8,4 8,5 Informação obtida através de uma reportagem investigativa de Dagmar Serpa à revista Marie Claire nº 68, novembro de 1996. (ver reportagem na íntegra)
   9. ? Isso pode ser confirmado com uma simples ligação para a sede principal: +55 (11) 2185-9000 em horário comercial
  10. ? Dízimo - Conceito de doação da décima parte, como ocorre nas igrejas evangélicas.


Fonte: http://www.uniblog.com.br/oranzinza/221112/o-charlatanismo-do-pro-vida.html

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